A produção brasileira de cana-de-açúcar dobrará na próxima década, passando das atuais 480 milhões de toneladas por ano para um bilhão de toneladas, em 2020. Esse salto não será obtido somente com ganhos em eficiência, mas principalmente pelo maior uso da terra. Segundo a União da Indústria de Cana de Açúcar (Única), a cultura ocupa hoje cerca de sete milhões de hectares e a expectativa é de que essa área dobre na próxima década.
Aproximadamente 90% da produção nacional se concentra no Centro-Sul, principalmente em áreas de Cerrado e Mata Atlântica do estado de São Paulo. Segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA), os canaviais, que há dez anos respondiam por menos da metade do espaço ocupado por lavouras no território paulista, hoje se espalham por quase 70% da área plantada, excluindo pastagens.
Além da euforia produtiva, existem os problemas ambientais, como a descaracterização da paisagem, a poluição do ar provocada pela queima da palha e pressão indireta ao desmatamento para abertura de novas lavouras. Para tentar ordenar o cultivo, o governo estadual lançou, na última semana, o primeiro zoneamento para cana-de-açúcar do país. Atrelado ao material, que traz as áreas aptas à expansão da cultura, foi lançado um decreto que estabelece normas para novos licenciamentos ou expansão de empreendimentos.
Mas, a julgar pelos ânimos do setor, será difícil colocá-lo em prática. Para a Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana), a legislação que trata das sanções para quem comete crimes ambientais é um verdadeiro “abuso de poder”. Leis estaduais mais restritivas, então, podem até levá-los às ruas, em protestos contra “a grande injustiça” que está sendo cometida.
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